julho 31, 2011

Anjos Perdidos - Parte 6



Passaram por vários corredores, a maioria não tinha ninguém.
Ouviram um forte estrondo que vinha do lado esquerdo, as pessoas continuavam as suas atividades nem se quer ouviram o barulho.
Gabriel e Alan foram para lá, encontraram Daniel se defendendo de três demônios ao mesmo tempo. Os dois correram para ajudá-lo. Por mais que Alan estivesse com dificuldade de se manter em pé não deixou de ir ajudar, tentava golpear de qualquer jeito um baixinho, careca de bigodes que estava extremamente nervoso. Cravou a espada na barriga dele, enquanto o demônio partia para cima do garoto, desapareceu gritando de dor.
Alan virou para olhar os dois anjos, sentia tantas dores que já estava andando curvado. Viu Gabriel enfiar a espada na cabeça de um loiro branquelo que se desfez em uma fumaça negra. Daniel estava todo arranhado e suas roupas rasgadas, se defendeu do demônio e o atacou enfiando a espada em suas costas, ele caiu ao chão e rapidamente o anjo cortou sua cabeça que rolou para debaixo de uma prateleira.
Alan olhou de um para o outro.
- Pronto? Agora acabou?
Todos ofegavam bastante. Daniel que estava em pior estado ajudou Alan.
- Vocês chegaram no final mas tinha uns vinte em cima de mim. Suponho que Ledge tenha sumido e os mandado em seu lugar.
- Foi exatamente, sinto muito por não termos chegado antes.
- Sem problemas. Mas e a Raquel?
- Eu sei onde ela esta.
Os anjos conversavam enquanto saiam da biblioteca, porém antes mesmo de chegar a porta apareceu uma fumaça negra que tomava conta do lugar e aumentava cada vez mais. Gabriel colocou sua mão no ombro de Alan.
- Acha que agüenta? Não vamos conseguir te tirar daqui agora.
- Eu não tenho escolha.
Falando, levantou a espada esperando o momento.
As nuvens formavam vulto que se tornavam sólidos que deram lugar a grandes criaturas negras de rosto desfigurado, grandes olhos vermelhos e as mesmas garras negras.
- Essa é a verdadeira forma deles.
Daniel disse tirando o braço de Alan de seu pescoço.
- Se dermos sorte Ezequiel pode aparecer.
- Acho que a sorte não tá do nosso lado hoje.
Eram uns trinta que rugiam. Avançaram nos três que mais se defendiam do que os atacavam.
- ALAN CORRA!
Daniel gritava.
O garoto não conseguindo mais lutar ouviu o anjo e começou a correr, três demônios estavam atrás dele. Chegou no final de um corredor, não tinha saída, se virou e se defendia apenas pelo extinto, eram grandes demais. Não tinha mais força e a sua visão começava a ficar turva, mas não parava de lutar. Um golpe que deu no ar e eles sumiram, olhou a sua volta não tinha nenhum sabia que não havia atingido eles.
- Eu os mandei embora.
 Alan virou para ver quem tinha falado, não o teria reconhecido se não fosse um grande corte fumegante em seu tronco. Ledge continuava com a aparência de humano, mas seu rosto estava diferente, seu sorriso era anormalmente grande e seus olhos negros também. Aproximava-se de Alan.
- Você sabe que não merece isso, cuidar de gente que nunca viu, para que? Eles terem um lugar ao céu?
Abria os braços de uma forma irônica e ria.
- Enquanto a você garoto? Acha que Deus irá te dar uma chance mesmo? Você aqui morrendo, enquanto aqueles dois fracos como estão lutam contra algo que sabem que não podem vencer? Acha mesmo que irá para o... Como é que chamam?...Ah! Reino dos céus?
Ele ria sarcasticamente.
- Você sabe muito bem que não pertence aquele lugar. Sempre fez o que quis não é? Fingia se importar com aquela mulher que dizia ser sua mãe, mas não se importava... Afinal, ela não era sua mãe de verdade, não ligava para seus amigos, usava-os quando queria, entrava em brigas por puro prazer, traia as suas namoradas e bem...Sem falar naquelas fantásticas orgias em que se metia.
Batia palmas, o sorriso anormal crescia mais ainda.
- Acha que irá durar com esses arranhões? Você realmente acredita que podem te curar? Nunca será curado! Nada que seja “bom” curará algo feito tão cruelmente, ainda mais em um humano que também não tem nada de bom, que viveu fazendo tudo de ruim, não é Alan? Seu lugar não é com eles eu digo e repito, sente dentro de você o lugar onde pertence.
Ele se aproximava do garoto.
- Ele te dizem que é ruim, que será a sua pior escolha...Mas afinal, você estava ouvindo somente um lado da história, lembre de sua vida, de como gostava de tudo aquilo...Será sempre assim...Não é ruim como eles dizem. É como reviver todos os seus momentos de prazeres eternamente. Não parece tão ruim agora não é?
Alan sentia-se envergonhado, mas não conseguia deixar de pensar em tudo que Ledge dizia. Achava estranha a história de ser um serafim e de como tudo aconteceu tão rápido, não se sentia a vontade com os anjos apesar de gostar um pouco deles porém não curtia a extrema bondade deles. E a sua vida, ele adorava a vida que tinha.
Não estava agüentando de dor, até que por fim perdeu o resto de forças que tinha e caiu ao chão largando a espada. Ledge se aproximou e chutou a espada para fora do alcance de Alan. Agachou.
- Pense bem Alan, posso lhe dar uma “amostra grátis” é para lá que estou levando Raquel.
Antes de falar qualquer outra palavra, uma espada atravessou o abdômen de Ledge. Era a espada de Alan. Gritava de dor e virou para ver quem havia o atacado, porém viu que Daniel corria na direção deles. Ledge deu uma olhada em Alan e com o sorriso no rosto desapareceu antes mesmo de Daniel chegar perto deles.
O anjo levantava Alan que mal enxergava e respirava.
- Você! Espere Gabriel aqui!
- Sim senhor.
Uma voz mole e rouca disse.
A luz branca apareceu, Alan se sentia pior ainda, quando a luz passou não enxergava mais nada, mas sabia que estava no chalé, mais precisamente no quarto.
- Deita e fica aí, vou chamar alguém que possa te curar.
O anjo o ajudava a deitar na cama.
- Ninguém pode me curar.
O garoto tentava falar.
- Claro que podem te curar.
Mas Alan percebeu que o anjo não estava sendo sincero. Sentia-se zonzo, tombou a cabeça para o lado e desmaiou.

G.C.Pezzatto – 30/07/11



julho 30, 2011

Anjos Perdidos - Parte 5



Inconsciente. Foi acertado na cabeça e largado ao chão.
Ledge sentado em uma cadeira na frente do garoto tirava de dentro de um bolso um cigarro que acendeu automaticamente no momento em que o colocou na boca. Olhava para a porta com atenção, cruzou as pernas, se sentia confortável com a situação. “Agora é só esperar”
A maçaneta da porta desceu, alguém abria. Um rapaz de cabelos escuros e olhos claros entrou, olhava Ledge sério enquanto fechava a porta a sua costa. Ledge sorriu.
- Seu anjo.
Indicou com a cabeça Alan desmaiado.
- Eu sei.
Daniel não olhou para o garoto, estava com os olhos fixos em Ledge.
O demônio parou de sorrir e olhou intrigado o anjo.
- Não vai fazer nada para ajudá-lo?
- Não necessariamente.
O anjo deu alguns passos e parou na frente de Alan, agachou ao lado e colocou uma das mãos na cabeça do garoto. Alan foi abrindo devagar os olhos, sentia algo quente em sua cabeça, Daniel tirou sua mão e o ajudou a levantar. O garoto sentia fortes dores de cabeça, quando se levantou seu primeiro pensamento foi Raquel, olhou para Ledge que ria da cara de ambos, sentia raiva dele, mas antes de tentar partir para cima Daniel o puxou para seu lado.
Ledge se levantou da cadeira continuava com o sorriso no rosto.
- Então é você que mandaram para cuidar de mim?
- Não é outro anjo.
Ele gargalhou.
- A é? E cadê ele?
Dessa vez quem riu foi Daniel.
- Tá chegando.
No momento em que pronunciou essas palavras, Gabriel entrou na sala, trazia uma espada na mão.
Ledge sabia que não era páreo para o anjo, se afastou e balbuciou algumas palavras inaudíveis e outros dois demônios apareceram.
Daniel imediatamente jogou uma espada para Alan que quase deixou cair no chão, por estar com seus reflexos lentos. Outra espada saia da mão esquerda do anjo, era maior que a de Alan e igual a de Gabriel, era a espada dos arcanjos. Os dois anjos se aproximaram, Alan vendo a cena correu para o lado de Daniel e começou a encara os três demônios.
O sorriso de Ledge voltou. Cada um dos outros dois foram para os lados do chefe. O da esquerda era alto e extremamente forte, tinha cabelos negros e curtos, os olhos vermelhos. O da direita era bem diferente tinha cabelos ralhos e grisalhos, era alto e bem magro os seus olhos também eram vermelhos.
Alan reparava nas diferenças físicas deles, virou para Daniel e lhe disse baixo para que os outros não ouvissem.
- Eu cuido do magrelo, Cê cuida do fortão, tá bem?
O anjo o olhou com reprovação mas não lhe disse nada.
Ledge balbuciou novamente e de repente os outros sumiram.
- CUIDADO! SE PREPAREM!
Gabriel gritava enquanto partia para cima de Ledge que se defendeu do ataque do anjo com as mãos (começava a crescer garras grandes e negras no lugar das unhas).
Gabriel golpeava a  espada com uma mão e a outra se defendia das garras (não precisava de escudo). Ledge se esquivava e tentava agarrar Gabriel para cortá-lo.
Alan olhava para todos os cantos, com desespero começou a golpear a espada no ar para todos os lados. Até dar de encontro com o fortão que tentou agarrar seu rosto. Alan conseguiu por um triz se esquivar, no momento em que  ia atacá-lo Daniel pulou na sua frente conseguindo fazer um corte no braço direito do demônio que se afastou gritando de dor.
- VAI PEGAR O MAGRELO!
Daniel gritou enquanto avançava no fortão.
- t-tá bem!
Antes mesmo de reagir ao vento, ele apareceu e agarrou Alan pelas costas, cortando seu abdômen com as garras. Alan gritava e tentava se soltar. Balançava a espada para trás na tentativa  de acertá-lo, com toda a força que lhe restou conseguiu cortar a perna do demônio que o soltou no momento. Alan se virou para encará-lo e reparou que a onde cortou estava saindo fumaça, como se estivesse pegando fogo. Não esperou o magrelo se recompor, começou a golpeá-lo de todos os jeitos, nos braços, pernas, abdômen, até que por fim o demônio não resistiu e caiu ao chão, Alan levantou a espada e acertou de primeira o pescoço e a cabeça caiu e rolou um pouco para baixo de uma mesa.
Ele olhou a sua volta, a sala estava vazia. Não tinha anjos e nem demônios. Saiu da sala e começou a correr com dificuldades por causa dos cortes pela biblioteca, tentando encontrar Gabriel ou Daniel. Reparou que as pessoas continuavam a agir normalmente. Estava desesperado por não saber o que fazer, até que no meio da biblioteca viu um vulto caindo direto para a grande mesa central, onde tinha apenas uma criança folheando um livro infantil. Era Gabriel e Ledge, o anjo caído à mesa se defendia com a espada das garras do demônio que estava em cima dele. O garotinho continuava ali vendo seu livro sem notar a luta.
Alan não sabia o que fazer, pensava em ajudar Gabriel mas sabia que Ledge acabaria com ele em uma arranhada apenas, ainda mais que ele já não estava se agüentando por causa dos cortes que levará.
Mas não demorou muito para aquela cena acabar, pois Gabriel conseguiu golpear e jogar o demônio para longe, ele cortou o tronco de Ledge que gritava ensurdecedoramente, começava a pegar fogo a onde Gabriel o acertará. Ledge sumiu em um piscar de olhos. Gabriel se levantou da mesa e foi até Alan. Olhava os cortes no abdômen do garoto.
- Não se preocupe quando voltarmos para o chalé daremos um jeito nos seus ferimentos. Temos que procurar Daniel agora.
A espada do arcanjo entrou na mão direita de Gabriel, ele passou um braço de Alan pelo pescoço ajudando- o a andar sem precisar fazer muito esforço.
- Se Ledge sumiu o outro também vai sumir não é?
Alan perguntava enquanto eles andavam por um corredor deserto. Gabriel o olhou sério.
- Provavelmente será o contrario Alan, ele mandará mais demônios para nos atacar.
“Que isso não seja verdade” ele desejava mas no fundo sentia a lógica do anjo falando mais alto.

 G.C.Pezzatto 28/07/11

julho 25, 2011

Céu cinza





"O céu que olho,
Brilha no reflexo de teus olhos,
Não me importa o tempo,
Através de seus olhos,
Qualquer tempo é magnifico"  
G.C.Pezzatto

O céu cinza deixa o dia mais confuso. Parece uma sessão de psicanálise. Onde você olha  para cima e repensa em tudo que te incomoda, em tudo que te agrada, todos os sentimentos lhe vem a tona, e uma bola de neve começa a se formar, só se desmancha, com as lágrimas que escorrem pelo rosto ao som abafado de curtos e dolorosos soluços.
É isso, o céu cinza é dia de reflexão. Alguns gostam, se sentem mais confortáveis, outros preferem o que é claro e simples como dias de céu bem azul e que não tem nenhuma nuvem. Já as pessoas mais intensas gostam de dias chuvosos, onde o som da chuva abafa o som do seu choro.
Mas para mim é isso, céu cinza; dia de repensar na vida e em tudo que ando pensando todos os dias. E o de chuva para lavar a mente e levar embora o que não me serve. RENOVAR.
Enquanto o dia chuvoso não vem, vou me deitar e analisar meus pensamentos e sentimentos nesse dia de céu nublado.

G.C.Pezzatto - 25/07/11

julho 22, 2011

Loucura





"Falando o que não sabe, ouvindo o que não quer, descobrindo o que se é"

- Você é estranha...
- E qual é o problema nisso?
- Nada. É que você parece meio louca, as vezes fala nada com nada.
- Você sabe o que é loucura?
- Não exatamente.
- Loucura é quando uma pessoa cria uma lógica que só funciona para ela, no qual a sociedade considera errada. As vezes não é algo ruim, só diferente...
- Não sabia disso.
-  Claro que não sabia. É mais fácil falar antes do que pesquisar, é mais fácil julgar do que entender.
- Desculpe.
- Não, tá tudo bem.
- Não tá brava?
- Claro que estou, e muito chateada também. Mas é assim que nos sentimos quando a verdade é "jogada" na nossa cara.
- Que? Como assim?
- É que você tem razão, eu sou mesmo louca.

G.C.Pezzatto - 22/07/11

julho 21, 2011

Obsessivo - Complusivo





"Brincando com fisiologia"
"Dá-lhe hormônios!"


Então trocam olhares.
Por dentro feniletilamina começa a ser liberada e o sistema simpático a agir; adrenalina passando, sensações desagradáveis de irregular e/ ou batidas fortes no coração (palpitação), pupilas dilatadas, inibição do sistema gastrointestinal (borboletas no estômago), e o suor excessivo.
Talvez goste de tudo isso.
E com um certo tempo a ocitocina vem, assim como outras que chegam antes. "Prazer, Serotonina, Dopamina, Norepinefrina"
Seu organismo lhe agradece por tanta felicidade. Você se transforma em um obsessivo-compulsivo, necessita cada vez mais de tudo isso e necessita cada vez mais do outro.
Mais um tempo passa, e seu organismo se acostuma, os hormônios não são mais liberados, e se for é pouco. Você nem fica tão feliz assim, e não necessita tanto do outro.
Você pensa, pensa e repensa, decidi e pensa mais um pouco. Decidiu, não quer mais, não se sente feliz. Não é mais um obsessivo-compulsivo. Você se vai...
O outro te olha ir embora.
Seu organismo ainda necessita de você, ainda o faz feliz. Ainda é um obsessivo-compulsivo, talvez só de lembrar de você, ele libere feniletilamina, talvez até ocitocina.
O tempo vai lhe fazer mal, porque tem vontade de liberar aquela mesma quantidade de hormônios mas não tem como, não tem você.
Organismo entra em desequilíbrio, o psicológico em conflito com sua fisiologia. Não tem nada o que fazer, é só esperar que com o tempo seu organismo se readapte e deixe de ser obsessivo-compulsivo. Demora mas nosso organismo é fantástico, ele sempre se readapta ao meio.

E você volta a liberar feniletilamina, por causa de outra troca de olhares. Se for verdade, pode ser por causa dos feromônios.
O que importa é que você vai se tornar obsessivo-compulsivo por outra pessoa. Tudo isso é só para lhe dizer que você vai se apaixonar outra vez.

G.C.Pezzatto - 21/07/11




Obs: Sabia que nós liberamos feniletilamina e endorfina quando comemos chocolate?

julho 12, 2011

Um leve preconceito





"Quando o gostar não é tanto assim...."

Ele a viu sentada no muro de sua casa. Nãos sabia se deveria ir até ela ou não, com o coração palpitando tomou coragem foi.
- Oi, tá tudo bem com você?
Ela olhou para ele e sorriu timidamente.
- Oi...Tudo e com você?
- Eu tô bem.
Falando isso sentou ao seu lado.
Ele queria dizer, lhe contar tudo, sabia que o único jeito de algo acontecer era falar o quanto gostava dela, o quanto a queria do seu lado.
- Vanessa...Escuta...Eu...Eee....
Ela olhou para ele, esperando o garoto conseguir dizer algo.
- O que foi?
- Eu...Eu gosto de você sabe, mais do que amiga, não paro de pensar em você...
Ela o olhou séria, desviou o olhar para o chão.
- Você não me conhece o suficiente para gostar de mim, não sabe que eu realmente sou e se soubesse não ficaria comigo por mais de uma semana.
- Por que você tem tanta certeza?
- Eu sei, só isso.
O silêncio tomou conta do ambiente, enquanto o sol diminuía...Tudo estava laranja.
- É sério, você pensa que sou a garota certa para você mas não sou. Eu não sou certa para ninguém.
- Para com isso, não fala assim, você não imagina o que eu sinto por você. 
Ela segurava as lágrimas.
- Desculpa...Não deveria ter te contado isso.
- Não é a sua culpa, você não me conhece.
- E eu não posso te conhecer melhor, já que esse parece ser o problema?
- Não vai querer me conhecer.
- Por que acha que não?
Ela já não segurando o choro se levantou e parou na frente do garoto.
- Quer saber o porque? Por que eu sou louca, por isso! Eu passava com um psicologo e algum tempo atrás ele me disse que não podia fazer mais nada...Ele iria me encaminhar para um psiquiatra...E eu fui, passei um tempo e essa semana ele me disse que eu sofro de um transtorno...
Parou de falar, por vergonha, medo.
Ele a olhava sem saber o que dizer, pensava em tudo que estava ouvindo sem saber como agir.
- Que transtorno?
Ela não sabia se respondia, se sentia muito envergonhada, medo de ser humilhada por ele.
- Um transtorno...De personalidade esquiva.
- Hm.
Ambos olhavam para os próprios pés sem saber o que falar. Ele se levantou.
- Bom...Eu vou indo, a gente se vê qualquer dia desses.
E seguiu seu caminho.
Ela o olhava ir embora, agora não fazia mais questão de segurar o choro, humilhada entrou para sua casa. Uma parte sua sabia que as coisas seriam dessa maneira, seus pensamentos a incomodavam mais ainda.

Meses se passaram, ela sempre se sentava no muro de sua casa esperando que o garoto passasse para falar com ela. Ele passava mas nunca  mais parou, apenas acenava de longe.
Vanessa sentia um aperto no coração mas sabia que deveria ter contado a ele, cedo ou tarde ele iria descobrir. Apesar de passar por tudo isso, se arrependia somente de uma coisa... Não ter falado que o amava.

G.C.Pezzatto




julho 08, 2011

Almoço de domingo





"Doces palavras...Apenas doces palavras..."

Felipe estacionou o carro na garagem da casa de Bárbara, entrou e cumprimentou a todos, principalmente a namorada. Era mais um almoço de domingo com a família de Bárbara.
Alguns primos estavam na sala assistindo alguma coisa enquanto conversavam, ele estava sentado do outro lado da sala, reparava em todos os primos, tinham a mesma idade dele e de Bárbara. Mas uma pessoa chamava mais a sua atenção, era Júlia.
Não sabia explicar o por que, essa garota lhe causava uma sensação estranha. A olhava e sentia um vazio, uma solidão e tristeza, embora a garota sorrisse sempre. Não gostava de ficar perto dela e não gostava que Bárbara também ficasse, sabia que era egoísmo, afinal são primas, era isso que sentia e não sabia explicar. Reparou que usava maquiagem bem escura e por um momento lembrou de todos os encontros em que Júlia estava, sempre, sempre de maquiagem escura.
"Acho que nunca a vi sem maquiagem"
Seu estômago embrulhou por conta de seus pensamentos.
"Ela se acha tão feia, que precisa de maquiagem o tempo todo? Qual é o problema dela?"
Desviou o olhar para Bárbara que estava levando a louça da mesa para a cozinha. A olhou bem, e seus olhos começaram a brilhar. Ela não estava de maquiagem, nem batom, nem nada. Gostava quando não usava, acha que fica mais linda ainda, não sabe explicar o por que, talvez seja amor de verdade.
Gostaria que ela nunca usasse maquiagem e queria que o mundo a visse sem, todos concordariam com ele. Que ela realmente é linda pelo que é. Ao mesmo tempo tem medo de que o mundo a visse assim e a levasse dele.
"Talvez eu a ame demais"
Ela sentou ao lado do namorado. Ele continuava a olhá-la.
- Que foi?
- Nada não.
Ela sorriu.
- Por que você esta me olhando assim?
- É que você é linda, tão diferente da sua prima.
- Ah...Obrigada.
Felipe a olhou e sorriu, segurou a sua mão, olhou para Júlia, seu sorriso sumiu.
- Sua prima é estranha...
- Felipe! Que maldade, não fala assim dela.
- Mas ela é, acha que se passar muita maquiagem vai ficar mais bonita. Só que não vai. Ela quer que todos gostem dela pela aparência, podem até achá-la bonita, mas gostar realmente ninguém vai só por causa da sua aparência.
- Para Felipe, ela não é assim, e daí que ela gosta de usar maquiagem? Qual é o problema nisso? Todas as mulheres querem se sentir mais bonitas...
- Só que aparência não faz caráter.
- Ela tem caráter. É uma boa pessoa, sempre que preciso sei que posso contar com ela.
- Tá tudo bem...Só que não parece que ela conta consigo. Pra mim, mulheres que usam maquiagem desse jeito, não se sentem bem consigo mesmas. Olha só você, não usa um pingo de maquiagem e é linda, aliás, fica mais linda ainda sem...Se isso for possível...
Bárbara o olhou, sorriu envergonhada e baixou a cabeça.
- Para Felipe, eu sei que isso não é verdade.
- Claro que é!
- Mentira.
- Não é não.
Ele colocou sua mão no rosto da namorada, alisando sua pele macia. Virou o rosto dela delicadamente para ele. Olhou para seus olhos, abriu um sorriso.
- Você é Bárbara, e não quero que duvide disso. Eu gosto quando não usa maquiagem, mostra quem você realmente é, e isso te torna cada vez mais linda. Eu vejo isso, e sei que todo mundo vê.
Ela sorriu seus olhos brilhavam com as palavras do namorado.
- Te amo.
- Te amo também.
 Ele a abraçou e ficaram ali, abraçados até onde o tempo permitisse.

G.C.Pezzatto - 08/07/11

julho 07, 2011

A cirurgia





História verídica, talvez cômica. 
Sempre tive vontade de escrever essa história, só estava esperando o momento certo...


Eu tenho uma pinta moderadamente grande do lado esquerdo do meu umbigo. E desde pequena as pessoas a minha volta falavam que era meu charme...
"Cadê a pinta charmosa?"
E como qualquer ser humano eu me sentia a coisa mais linda do mundo, só por causa de uma pinta (é por que na época não tinha auto-estima o suficiente para me apegar a qualquer outra coisa).
Entrei na adolescência, ainda achava a pinta um charme mas como qualquer tímido, escondia. Toda vez que ia para praia ou a uma piscina colocava as mãos em volta do umbigo (hoje não faz mais sentido mas na época...).
Quando fiz 14 anos descobri que tinha um cisto no ovário esquerdo, foi uma descoberta um pouco tardia, o cisto já estava grande. Fiz todos os tipos de tratamento possíveis (base de hormônios) foi pílulas, injeções a cada 3 meses. E foi assim durante 2 anos. Nada adiantou.
Em 2006, o médico disse que eu precisava fazer a cirurgia. Aceitei, não tive medo algum. Fiz todos os exames necessários, até os de sangue (inclusive desmaiei por culpa da médica). Tudo pronto...Fiz a cirurgia, foi uma laparoscopia, É aquele em que introduzem um laparoscópio dentro para o cirurgião ver o tecido e no meu caso removê-lo. Fizeram três pequenos cortes, dois na virilha e um embaixo do umbigo (é onde introduzem o laparoscópio).


1ª Parada!
Você deve estar se perguntando, o que uma coisa tem a ver com a outra? Pois bem, continue lendo e verá...Voltando para o texto.
A cirurgia aconteceu perfeitamente bem. Detalhe importante foi anestesia geral. Acordei meio mole, meio...Entorpecida.
Meus pais foram me ver, com o rosto vermelho de chorar ficavam me perguntando.
"Você tá bem? Como você tá se sentindo?" 
Enquanto eles eram as coisas mais doces do mundo, naquela cena de emocionar até o mais machão. A unica coisa que consegui responder foi...
"Mãe, pai...Preciso ir ao banheiro, tô muito apertada"
Pois é, eu consegui quebrar o clima total. eles me olharam com uma expressão de ponto de interrogação.
Bom, e assim continuou , fui para o quarto, tive uma noite péssima porque a enfermeira vinha de 4 em 4 horas aplicar uma medicação (que até hoje não sei qual é) no meu quadrante superior lateral esquerdo do meu glúteo máximo esquerdo, isso é meu bumbum...Esquerdo. Já estava dolorido de tanta injeção.
Na manhã seguinte acordei pior do que quando sai da cirurgia.


2ª Parada!
Estava mais entorpecida ainda, indo para o mundo da lua...Voltando para o texto.
Meu café da manhã foi um chá sem açúcar e bolachas de água e sal.
Então a porta do quarto se abriu novamente e o sol brilhou, passarinhos cantavam lá fora e os anjos tocavam suas harpas no céu. Pois havia trocado o turno de enfermeiros, e eu fui (quase) abençoada por Deus. Um enfermeiro, um deus grego, a sétima maravilha, um anjo moreno, agora era o responsável por mim.
Ele veio na minha direção com um sorriso de comercial da Colgate perguntando se eu estava bem e todas aquelas perguntas pós-cirurgia. Eu disse que estava tudo maravilhoso.
- Que bom! Então daqui a pouco eu volto para dar banho em você.
Falando isso saiu do quarto com o mesmo sorriso que entrou.
Não acreditava naquilo, aquele anjo iria dar banho em mim. Um sorriso começou a aparecer em meu rosto.
A minha mãe que passou a noite do meu lado, dormiu pior que eu, ela estava impaciente para ir embora. O médico disse que eu iria receber alta naquele dia mesmo.
- Você consegue tomar banho sozinha, não consegue?
- Ah mãe...Não sei...
- Consegue sim, vamos tomar banho.
- Não sei, acho que é melhor eu esperar o enfermeiro.
- Acho que você consegue.
Infelizmente eu sabia que dava para tomar banho sozinha, e de tanto ela me encher eu fui.
Enquanto estava lá tomando o pior banho da minha vida, nem olhei para os curativos, na verdade, nem lembrei de olhar...
Me troquei e voltei para a cama. Estava com o tronco elevado (chama-se posição de Fowler). A porta abriu, e o enfermeiro apareceu pronto para me dar banho. Com aquele sorriso no rosto...Daí eu lembrei que já tinha tomado banho.
Minha mãe estragou um dos momentos que poderiam ter sido incríveis. Nunca saberei o que é ser banhada por um deus grego.
Valeu mãe!
Enfim, ele viu que eu já tinha tomado banho, e disse que então outras duas enfermeiras iriam vir trocar os curativos.


3ª e Última parada (Eu prometo)
É aí que começa os efeitos bem fortes, já estava no mundo da lua partindo para marte! Voltando...
Elas vieram e levantaram um pouco a minha blusa para poder trocar.
Dessa vez eu reparei no curativo do umbigo. Pegava a parte de baixo e um pouco do umbigo, estava com bastante sangue seco. Até aí tudo bem, pensei "É óbvio que tem sangue, acabei de fazer a cirurgia". Mas quando olhei para o lado esquerdo, um desespero começou a crescer...Eu não via a minha pinta!
Na minha cabeça começou a passar um pequeno filme da cirurgia...
Os médicos fazendo o corte olham para a pinta e falam um para o outro.
- Olha que pinta grande!
- Pois é! Será que não é cancerígena?
- Não estou vendo pelo nenhum nela, acho que não... 
- Mas você quer tirar a pinta do mesmo jeito?
- Eu quero e você?
- Ah! Eu também, vamos tirar então!
A minha mente fértil e entorpecida criou essa cena. Eu pensei
"Será que eles aproveitaram a minha cirurgia e removeram a minha pinta?"
O desespero cresceu mais ainda. Virei para a minha mãe com os olhos bem arregalados e disse.
- Mãe do céu! cadê a minha pinta? Eles tiraram a minha pinta?!
As enfermeiras que estavam preparando o material para a troca se olharam e tentavam segurar o riso, a minha mãe...A pobre coitada da minha mãe se segurou também mas era para não me xingar mesmo.
- Claro que não!
Deu para ler a sua mente, elas estava me xingando.
Mesmo assim entorpecidamente não estava convencida.
"Cadê a minha pinta?". Pensava desesperadamente.
Uma das enfermeiras começou a tirar o curativo e disse.
- Calma, olha sua pinta aqui. Viu? Não removeram, tá tudo bem.
Elas continuavam segurando a risada.
Eu olhei para a minha adorável pinta e me lembrei de quando eu era criança e de como chamavam a minha pinta de charmosa. Suspirei atordoadamente aliviada. 
- Ah graças a deus ela tá aí.
Deitei e dormi...
Um desespero só por causa de uma pinta.
Por isso não menospreze as pessoas, principalmente quando estão entorpecidas, não sabe do que são capazes...Podem até cuspir pra cima e cantar Singing in the rain ao mesmo tempo. 
...Acho que faltou pouco para mim fazer isso...


G.C.Pezzatto - 07/07/11

julho 05, 2011

Dois

Ou como poderia colocar...Sessão depressão.
(Brincadeira ou não...)






O mundo e as pessoas
"Se nos calamos,
O mundo conspirará,
Contra nós.


Se falamos,
As pessoas conspirarão,
Contra nós"


G.C.Pezzatto - 05/07/11


Perder


Perder
Você sabe que vai doer
Que o choro irá crescer
E demorará para perecer.


E o seu ser
Machucado e a sofrer
Não sabe o que há de valer
Nessa vida ingrata que esta a acontecer.


E se der sorte de envelhecer
Esse sofrimento morrer
Você vai agradecer.


Tentar esquecer
Mas se não acontecer
Irá perceber
Não há nada o que fazer.


G.C.Pezzatto - 05/07/11

julho 03, 2011

Diálogos - Uma Chance

"Não importa o quanto o coração grite"


Sentados fora de casa.
O vento passava por eles, congelando cada membro. Tremiam mas continuavam firmes, por fora.
- Eu sei que ele gosta de mim de verdade.
- Como você sabe?
- Por que ele me conhece. Sabe como sou, meus defeitos, minhas manias, meu jeito de ser e mesmo assim gosta de mim.
Ficaram em silêncio.
Por dentro seu coração batia fortemente, segurava firme o choro de um jeito inexplicável.
- Por isso eu acho que devo dar uma chance a ele. Por que sei que acima de qualquer situação ele vai me ouvir e me dará uma chance. Sempre me dará uma chance. Não é como os outros que não me deram...Fugiram nos primeiros sinais de problemas, foram covardes, não queriam me conhecer de verdade, e eu sei que isso foi um problema...
Estava mais difícil segurar o choro agora. E o vento gelava cada vez mais a situação, começava a ficar insuportável ali.
- Você vai dar uma chance a ele?
- Acho que sim.
- Mas por que? Você não sente o mesmo por ele, sente?
- Não...Mas sei que com o tempo acabarei gostando. Ele gosta mesmo de mim, e acho que por isso vale tentar...
- Mas por que? Você não gosta dele.
- Mas eu gostaria de ter tido uma chance assim, sabe. Eu passo pelo mesmo que ele, gostar de alguém pelo que realmente é, saber dos seus defeitos e mesmo assim querê-lo...
Silêncio.
- Bem, vou dar uma chance de qualquer jeito.
- Não faz isso.
- Por que não? Acho que vale a pena. E se der certo?
- Se você der uma chance a ele...Como eu vou te dar uma chance?
Se olharam. O vento gelado não fazia mais sentido.
- Você vai me dar uma chance?
- Eu quero uma chance.
Ela sorriu...
- Achei que fosse tarde demais.
- Também achei...Mas no momento que me contou tudo isso...Aí eu percebi o quanto você gosta de mim, mesmo não me conhecendo tanto quanto gostaria...Percebi que seria tarde demais pra mim...Que talvez...Eu te perdesse de vez...Acho que quem deveria pedir uma chance sou eu...
Eles se olharam, e nada mais fazia sentido, a não ser os dois.

G.C.Pezzatto - 03/07/11

julho 01, 2011

Você nos meus dias



Dias passam devagar
E em meus pensamentos
Esta a me atormentar.

Eu não quero você assim
Me machucando
Quero por um fim.

Amar e ser amado
Não machuca ninguém
É o que tenho sonhado.

Olhei para você
Assustada e com carinho
Mas não me vê.

Quero te chamar de meu amor
Deixe todo o passado
Vamos esquecer toda essa dor.

G.C.Pezzatto - 01/07/11

Versos



Estava apaixonada
Me esforcei para não acreditar
Dizer que não o quero perto de mim
Tentei me enganar
Escondi as lágrimas
De amor
Tentando não chorar

G.C.Pezzatto - 01/07/11

Obs: O poema pode ser lido debaixo para cima.