maio 17, 2011

Anjos Perdidos - Na Teoria é Fácil

Capítulo 2 – Terceira Parte

Ele dormia um sono profundo, seu corpo recuperava a energia gastada.
Alguns raios de sol batiam na maçã do rosto. Abriu os olhos devagar, sentia-se pela primeira vez em meses que estava descansado. Levantou foi ao banheiro lavar o rosto, desceu para preparar seu café.
Na cozinha estavam Daniel, Ezequiel e um garoto de mais ou menos 10 anos, moreno, magro e meio assustado. A mesa estava repleta de comida, parecia um banquete. O garoto sentado a mesa comia com muita fome um pedaço de bolo.
Alan terminou de descer a escada.
- Oi...Bom dia.
Disse para todo.
O garoto assustado nada falou.
- Bom dia Alan.
Disse Daniel sem olhá-lo, Ezequiel acenou com a cabeça.
Ele se sentou a mesa olhando para o garoto que retribuía o olhar. Sorriu para o menino e se virou para os anjos.
- E aí, ele tem?
Daniel e Ezequiel olharam Alan, pelo olhar destes, esse sabia a resposta.
- Não, ele não tem.
Daniel disse no fim.
- Hm, que pena...E agora o que vai acontecer com ele?
- Vou levá-lo de volta para casa.
Ele olhou o garoto dos pés a cabeça enquanto se servia de café e um pão recheado.
- Você tem quantos anos?
O garoto assustado engoliu um pedaço grande de bolo.
- Dez.
Ele ainda olhava o garoto, que começou a sentir-se envergonhado.
- Ele tem dez anos, é só uma criança como não tem?
- Ele é um serafim, não sabemos quantas vezes nasceu, mas deve ter sido muitas, pois não tem nada de graça.
 Ezequiel respondeu secamente.
- Posso ir embora?
 O garoto olhava para Ezequiel.
Daniel o olhou sorriu.
- Calma, vamos verificar se já esta seguro para você ir.
O tom de voz do anjo acalmou um pouco o garoto.
Ezequiel se levantou e foi para fora. 
Alan tomava seu café um pouco frustrado. Acharam um serafim e ele, assim como Alan, não tinha um pingo de graça. 
Depois de alguns minutos Ezequiel voltou.
- Já posso levá-lo.
Ele chamou o garoto que se levantou na hora, os dois saíram sem dizer nada. Alan foi atrás mas no momento em que colocou o pé fora da casa, o anjo e o menino já haviam ido embora. Estava ventando, olhava o mar sem saber o que fazer ou dizer. Daniel se juntou a ele.
-E agora ele vai saber a verdade para o resto da vida?
-Não, vamos apagar a lembrança.
-Hm, que bom ele iria ficar traumatizado.
- O pior, do jeito que os humanos são, poderiam chamá-lo de louco.
Ficaram ali sem dizer nada, até Alan começar a sentir frio. Entrou na casa, foi para a cozinha e sentou -se a mesa. Tentava terminar de tomar seu café mas não conseguia, sentia que tudo estava desmoronando e que podia acabar perdendo o acordo. Daniel sentou-se a mesa e ficou em silêncio.
- Até ontem eu tinha uma vida, agora não tenho nada e ainda posso acabar falhando...É o primeiro que encontramos e ele não tem a graça, faltam quatro e se o resto não tiver também? O que vai ser de mim?
- Vai ter o mesmo destino que o deles. Não perca a fé, agora que você a encontrou...Nos surpreendemos quando você rezou, você Alan! Não iríamos imaginar...Não perca a fé, não se sabe o que pode acontecer.
Alan não se sentiu tocado pelo que o anjo falou, apenas fingiu. Terminou seu café, se levantou.
- Você vai arrumar a cozinha?
O anjo ainda sentado o olhou indignado.
-Não.
-Mas você fez tudo isso aparecer, porque não faz sumir?
-Foi só um agrado para o garoto.
-Eu vou ter que limpar?
-Claro é você que mora aqui, anjos não sentem fome...Alan, preguiça é pecado.
Olhava o anjo querendo falar algo, gesticulava mas não conseguia pensar em nada.
-Ah droga, até aqui...
Começou a arrumar a cozinha emburrado, reclamava baixo enquanto Daniel continuava sentado observando-o. Depois de tudo limpo foi para o quarto, sentou na cama e ficou olhando a janela, não queria pensar em nada no momento, sentia-se fracassado.
- Alan, senti um sinal vamos nos encontrar com Gabriel, precisamos ir.
Levantou e foi em direção a Daniel que estava do lado da porta. O anjo estendeu a mão e a luz veio, a dor do corte invisível aumentava , abriu os olhos, estava na praia.
Gabriel estava logo a frente sério com as mãos nos bolsos, ele e Daniel foram até o outro anjo.
- Recebeu o sinal também...Esse não foi forte o suficiente.
-Você quer ir verificar?
-Estava pensando. Ledge pode estar sabendo.
-Nós vamos como reforço?
Alan perguntou sem entender muito bem o que eles falavam.
-Sim.
Gabriel respondeu estendendo a mão, e mais uma vez a sensação do corte veio.
Abriu os olhos, estava na frente da biblioteca municipal da sua cidade, por um instante ficou feliz em reconhecer o lugar, apesar de não ir muito lá, não gostava de ler.
-É uma das bibliotecárias.
Gabriel falou.
- O sinal esta um pouco mais forte mas não consegui identificar quem é.
Daniel disse olhando em direção a biblioteca.
Alan não sabia nada e não sentia nada, decidiu que seria um “cãozinho mandado” dos anjos, sentia medo e um pouco de esperança, quem sabe esse teria a graça.
Seguiram em direção a biblioteca.
-Vamos no separar. 
Gabriel falou e seguiu para o lado esquerdo.
-Você vem comigo, vamos...
Enquanto andavam pelo lugar, Daniel observava sério a todos. Alan se sentia perdido.
-O que fazemos agora? Vamos ficar encarando feio todo mundo?
-Pare de reclamar e finja que esta procurando alguma coisa.
Ele suspirou
-Está bem.
Ele olhava as estantes, mexia sem vontade em alguns livros. Tirou um do lugar e do outro lado viu Ledge. Se assustou e foi para trás, quase derrubando a outra estante. Daniel vendo a a agitação puxou Alan para saírem dali, corriam entre os corredores.
-Ele vai vir atrás de você também, então cuidado. Vamos procurar o outro serafim, acho que já sei onde esta.
-E o Ledge?
-Ele não vai vir sozinho atrás de nós, Gabriel vai atrás dele, também sentiu.
-Sentiu o que?
-Os demônios vindo, agora anda!
Corriam para o final da biblioteca, logo a frente tinha uma porta com uma placa escrito “Acesso Restrito: Restauração” entraram.
Era uma sala bem grande com várias mesas cheias de livros velhos rasgados, mal iluminada. Não tinha ninguém.
-Não é possível você tá errado, não tem ninguém aqui!
Alan já estava em pânico.
Daniel olhava para todos os lados.
-Eu senti, anda!
Quando os dois começaram a andar pela sala, ouviram um barulho.
-Quem esta aí?
Do fundo da sala, apareceu a silhueta de uma mulher saindo de trás de uma pilha de livros. Ela se aproximava.Os dois pararam sem saber o que fazer.Era magra, aparentava ter uns quarenta e poucos anos, não muito alta, loira.
-Raquel.
-Sim sou eu, você?
Daniel estufou o peito e disse.
-Sou um anjo do senhor...Você precisa vir conosco.
Ela olhava Daniel sem saber o que falar.
-Desculpe, como?
-Não temos tempo.
Ele estendeu a mão na sua frente e nada aconteceu.
Ela olhou assustada, deu alguns passos para trás e olhou para Alan.
-Quem são vocês? Estão me assustando.
Alan se entender entrava em desespero. Ignorou Raquel.
-O que aconteceu? Deveríamos ter partido!
-Fomos bloqueados. Estão em grande número.
Raquel começou a se afastar em passos rápidos para o fundo da sala onde estava sua bolsa, pegou seu celular.
Daniel vendo ela pegar o celular, falou para Alan.
-Não vai ter sinal. Eles conseguem isolar o lugar de qualquer coisa....Escuta, ela esta sob sua responsabilidade, fique aqui com ela. (Ele olhou para o lugar). Me ajude achar um pedaço de ferro.
Começaram a procurar pela sala. Até que Alan achou um bajur de mesa antigo em uma das mesas do canto. Daniel tirou lampâda e quebrou a a base do abajur e a ponta. Disse algumas palavras em uma língua que Alan não entendia,   lhe entregou o ferro.
-Isso vai te defender deles por um tempo.
Raquel assustada tentava fazer o celular funcionar. Daniel foi até ela, Alan o seguiu.
-Escute, você tem que acreditar.
-Vocês são louco se afastem de mim!
Ela pegou um dos livros grandes que estava na mesa.
-Se afastem eu tenho...Um livro!
Daniel e Alan se olharam confusos.
-Moça é sério ele é um anjo!
-Eu ouvi a sua oração Raquel.
Ela abaixou um pouco o livro.
-Você esta com medo de perdê-lo e rezou para que isso não aconteça. Esta desesperada.
Ela olhava Daniel surpresa, como ele poderia saber disso.
-Como você sabe?
Disse em um tom de sussurro.
-Porque ele É U-M A-N-J-O D-O S-E-N-H-O-R.
Alan falou se controlando, o medo que sentia aumentava.
Daniel olhou para trás,os três ficaram em silêncio por um tempo, ele foi andando em direção a porta.
-Onde você vai?
-Fique com ela e protejam-se.
E saiu pela porta.
-O que foi isso?
Raquel falou deixando o livro na mesa.
-É o seguinte, ele é um anjo, nós somos anjos e tem uns demônios atrás da gente. Então vamos ficar aqui que eu...(ele olhou para o pedaço de ferro) te protejo com isso, que eu ACHO...Que tá benzido.
Raquel não sabia no que acreditar, resolveu entrar de vez na deles.
-Acho que eu tenho que confiar em você não é?
-Sim, sim!...Por favor.
Ela ficou perto dele com receio. Os dois foram para perto da porta.
-Você sabe como atingi-los com isso?
- Não faço idéia.
-Ótimo, me sinto bem protegida com você.
 Eles ficaram olhando para a porta. Alan segurava ferro com as duas mãos, achava que estava preparado para o que podia acontecer.

G.C.Pezzatto - 16/05/11





Nenhum comentário:

Postar um comentário