setembro 07, 2019

O que esperar




Embaixo do sol quente, nessa fila imensa se pensa nas decisões que tomamos. Pois se pode escolher não estar ali perdendo esse tempo todo e sim aproveitar o tempo fazendo outras coisas, são escolhas e devemos arcar com as consequências.
Sendo assim a fila que não anda tão devagar mas também não tão rápida como nossas expectativas, e que idosos e gestantes não podem ficar, contribui para que o nervosismo da decisão de seguir em frente aumente e não dê tanto tempo para refletir sobre o que irá acontecer ou como vai acontecer. E se ouve, gritos talvez de nervoso, pânico ou podem ser risadas de que tudo deu certo e foi tudo bem.
Portanto, esperar na fila e observar a ansiedade das pessoas antes e depois faz pensar como irei reagir ao chegar no final dela, cada um carrega sua história e singularidades, e as reações nunca são as que esperamos, e nessa fila que segue e me aproxima cada vez mais da hora final, não sei o que esperar.
Então eu subo e espero o sinal verde, agora não tem como recusar e dizer não, sento e não vejo nada. E lá vou eu! Tudo acontece tão rápido e não sei se o gelo é da descida ou de medo, mas enquanto faço as curvas fecho os olhos porque talvez essa reação involuntária me passe uma segurança maior, a decisão que não tem mais volta e que está quase no final, e então o baque, a sensação de afundar cada vez mais e nunca chegar ao chão e a água gelada que me cerca alivia a adrenalina da descida.
E por fim, depois de voltar a superfície e ver as pessoas a minha volta, eu me pergunto novamente: Será que eu vou de novo no tobogã ou só curto a piscina?


Djo Cezare
2018

agosto 21, 2019

Mais do mesmo

"São sussurros que metem medo no escuro, 
alucinações com o terror, caos, demônios e homens.

A noite,
 Tão linda,
Tornou-se minha inimiga.

Malditos homens!
Malditos sussurros!

Maldita poesia que enxergo no escuro..."



Poema sem nome (27/08/2018)

É surreal que não sinta nada,
Nem amor, nem ódio.
Vontade de viver ou de morrer...
É surreal acreditar em sonhos,
É surreal não acreditar.

Nem azul é o céu,
Nem amarelo é o sol.
É surreal ser eu e nem ser também é.

Sonhar com cores
E ser o vermelho.
É surreal a leveza de ser matéria,
E o peso de ser alma.

É surreal a verossimilhança e o caos,
Mas não é surreal esse poema.

A poesia que é você  (27/08/2018)

Não acredito em mim,
Desconfio do ar que respiro, do piscar dos meus olhos,
E do que digo acreditar.
Acredito nos cachos do meu cabelo,
Nas olheiras do tempo e no sorriso amarelo do cotidiano.

Quero acreditar e ser aquele que se perde em você,
Me esconder embaixo de sua pele e sumir por trás de seu suspiro.
Quero ouvir sua voz gritando meu nome,
Me aceitando do jeito que sou.
Ficar na sua e você na minha alma, corpo e sexo.
Assim podemos ser sonhos e verdades,
Olhares e gostos.
Gozos, gemidos e suor,
Pele com pelo... Matéria.

Procuro você em mim,
Em consciência amor e dor.
Na vida estrada e luta,
No acreditar e na perda da fé.
No infinito do tempo, onde o que perdi,
Foi o tempo em que você nasceu.

Meia hora (27/08/2018)

Tenho meia hora ou hora inteira e que demora!
Que meia hora!
Logo agora, essa hora inteira.
Vou embora por que essa meia hora ou hora inteira,
Logo agora e que demora!
Quero ir embora!
É sempre meia hora...

O mais do mesmo (30/08/2018)

“Coisas grandiosas lhe aguardam”
- Seria tolice acreditar nisso,
É apenas uma armadilha para me terem quieta e obediente por mais tempo.
Já que essa falsa esperança de acreditar em um futuro incrível,
Eu ficaria apenas sonhando, sonhando e sonhando...
E assim sendo a marionete de sempre,
Presa no cotidiano com um falso sorriso de que vai ficar tudo bem.

Pois bem,
Cansei de esperar e acreditar em mentiras.
Não nasci para ser grandiosa.
Por mais que sonhe,
Não nasci para ter um futuro brilhante.

Só para ser quem já sou,
Reprendida, presa e confinada dentro de uma caixinha de vidro.
Quem sabe um dia,
Eu consiga quebrar a caixa de vidro...
E por mais que os cacos me cortem...
Nenhuma desconstrução é indolor...

Eu sei que o que digo não é nada pra você,
Porém em minha cabeça foi tudo por muito tempo,
Atormentado.

“Coisas grandiosas lhe aguardam”
- E eu sei que não, não não...
Abrir mão de acreditar em um futuro falso, sim, sim ,sim!

“Coisas grandiosas lhe aguardam”,
“Um futuro brilhante”,
“Garota você vai longe...”

Djo Cezare

Outra poesia nova sobre velhos sentimentos

Baudelaire tinha suas flores do mal.
Eu carrego anjos caídos.
Eu e as outras mulheres.
Sobem em nossas costas e gritam,
Horrores e terrores para nós.
Somos atormentadas,
Pelas vozes de nossas ancestrais,
Que foram sufocadas pelas asas quebradas.
Machucando suas gargantas,
Para não falarem, não se pronunciarem.
Silenciadas,
Caídas.
Quem são as flores do mal perto dos anjos caídos de ontem, hoje e sempre?


Djo Cezare - 03/08/2018

Era uma vez o Edgar e a sua poesia

O menino escrevia poesia,
Procurava levar de si o que tinha de melhor.
As suas criações maravilhosas, do seu jeito.

Porém o computador mudou tudo,
Tirou os seus dizeres e a norma culta incorporou.
"Mas não falo assim!"

E toda a sua poesia ficou apenas no papel,
Ali era perfeita.
Sem norma culta, sem estrutura...

Sendo isso que sempre foi,
Maravilhosamente poesia.

Djo Cezare -  19/04/18