agosto 21, 2019

O Match Point

"Existem diversos textos de blogs sobre como é estar na fase dos vinte e tantos anos, as expectativas suas, de sua família e da sociedade. Assim como existem diversos textos sobre como deve ser, como você gostaria que fosse, etc. Esse é só mais um entre eles".



Acordei uma noite dessas com um frio na barriga e uma vontade de chorar imensa, não via razão na minha vida, não via um projeto de vida, não via nada além dos meus futuros 26 anos de vida, sem carreira, sem casa, sem carteira de motorista, sem motivo de fazer algo de bom para todos a minha volta e para a sociedade. E então eu percebi que não sou a pessoa que eu gostaria de ser, que eu sonho em ser, alguém de talento, que inspira outras pessoas a repensarem nos seus atos e refletirem sobre a vida. Não sou a mulher que sonho ser todas as noites.
No entanto no dia seguinte aquele sentimento todo ainda permaneceu em mim e se deixo minha mente divagar encontro toda essa ansiedade de futuro novamente, percebi que de certo modo a vida tão complexa em sua magnitude se torna impossível de ser controlada, de qualquer forma, aliás, de todas as formas. Lembrei de um filme do Woody Allen chamado Match Point onde o protagonista faz um monologo no início do filme:

“O homem que disse: ‘prefiro ser sortudo a ser bom’, entendeu bem a vida. As pessoas têm medo de reconhecer que grande parte da vida depende da sorte. É assustador pensar que tantas coisas estão fora do nosso controle. Há momentos em um jogo em que a bola bate na parte superior da rede e, por um milésimo de segundo, pode ir para frente ou cair para trás. Com um pouco de sorte, ela vai para frente e você ganha... ou talvez não vá e você perde”.

Nesse momento em que me encontro com uma fragilidade emocional e psicológica, esse monologo acrescenta um pouco na resposta que tento montar sobre a complexidade de viver e existir, os padrões impostos e a frágil liberdade rebelde que todo mundo tentou pelo menos uma vez para se sentir livre, ou quase isso.  Quem sabe amanhã eu mude de ideia e abandone tudo isso que penso hoje, o ponto é que mesmo sabendo que não preciso ter, ser e fazer o que a sociedade diz que devo quando estou prestes a completar 26 anos de idade, ainda me sinto na necessidade de buscar algo para acrescentar na minha trajetória e não é algo como viagem, curso ou espiritual, é alguma loucura que pode me dar um pouco de alivio nesse emaranhado de coisas que é a vida. O que é, eu não sei.
Por fim, sinto que estou em um jogo onde arrisco tudo ou nada, que não tenho mais tempo a perder porque não sei o que é a vida e não sei o que sou e não sei de que lado a bola vai cair.


Djo Cezare  - 26/08/16

Nenhum comentário:

Postar um comentário