junho 10, 2012

Trem




Vejo-me mais uma vez parada na frente desse trem, onde vejo pessoas desembarcarem e embarcarem. Eu fico congelada apenas olhando e nessa brincadeira de querer saber sobre o existencialismo o tempo desacelera tudo passa lento e embaçado em volta de mim, parece até que tira o oxigênio, fica difícil respirar meu peito dói e as vezes acho que nem é pela falta de ar.
Estou sentada olhando um caderno cheio de orelhas com várias páginas arrancadas e sulfites coloridos perdidos no meio no qual nem imagino o motivo de ter colocados ali. Falo de trem metafórico e nem sei se alguém irá entender o que escrevo. No fim das contas tudo volta para o ponto zero, inicio da partida, tanto faz é tudo sobre a minha crise existencialista.
Não é uma dessas crises “Por que existo?”, “Por que as coisas são assim?” essas perguntas que todo mundo já sabe as respostas: Não existem respostas.
É diferente a minha crise, é uma revolta contra o tempo, ele acelera demais para as pessoas boas e quando se pisca a maior parte da vida já se foi, tem pessoas que já se foram...Essa é a minha crise, crise de que a gente existe porém não o suficiente para viver o momento e quando vivemos o tempo voa para bem longe cruzando a linha do horizonte.
Vai ver a existência fez um pacto com o tempo e os dois não podem ser completos no mesmo momento. E com o perdão da palavra: É a gente que se fode!
Tenho 21 e não fiz metade das coisas que todos da minha idade fizeram. Não cometi tantos erros no passado para ser mais forte hoje ou pelo menos um pouco mais sábia. Nunca sai escondido, nunca namorei escondido,  nunca sai para uma balada em outra cidade e nunca cheguei no dia seguinte em casa, nunca fiquei bêbada, nunca fumei (não que quisesse, ainda mais porque sou uma pessoa de pouca sorte, tenho certeza que contraria enfisema pulmonar na primeira tragada que desse) enfim nunca fiz nada no qual olhasse para o passado desse risada e pensasse “Isso foi a coisa mais idiota que já fiz mas ainda bem que fiz!”
Tem pessoas que ao ler  isso irão me considerar fútil, mas tenho certeza que elas já fizeram pelo menos uma coisa citada. Cometer erros desses tipos é subestimado pelas pessoas.
Tenho 21 anos de idade, sempre me comportei bem, nunca fui aluna nota 10 na escola, mas também não fui à pior, nunca tive mais do que 10 amigos (refiro-me a amigos de verdade) ao mesmo tempo e sempre procurei preservar as amizades.  Sempre tentei ser boa pessoa o máximo que conseguia, honesta como meus pais me ensinaram a ser. E como sempre e sempre me fodi.
 Não quero bancar a vitima e se você que esta lendo entendeu isso, não entendeu é nada porque isso é sobre  uma crise existencialista.
Só quero dizer que o tempo passou tão rápido que as vezes ainda sinto ter 16 anos de idade e não é o fato de maturidade mas o fato de não ter cometido esse pequenos e estúpidos erros, parece que fica um buraco que não dá para ser tapado...
Vai ver essa é a minha maneira de ser má, através de papel e caneta. Talvez seja a maneira em que eu erre, e não digo erros gramaticais ou ortográficos (eu sei que tem! Nunca fui 100% em português), mas em relação a idéias, conceitos e sentimentos.
Quem sabe essa crise existencialista não é um erro?
Vou deixar mais uma vez, talvez por esperança, nas mãos do tempo. Quem sabe dessa vez eu não embarque no trem...

G. C. Pezzatto


2 comentários:

Will disse...

Me surpreendeu o texto...

Engraçado. Achei que eu era a unica pessoa que usava blackbird nesse sentido.

Beijo Djo!

Jeff Lourenço disse...

Não sei se estou subestimando esses erros dos quais comenta, pois já os cometi aos montes, como ficar bêbado mais do que posso contar em todos os dedos.
Ainda assim eu me sinto de certa forma compatível com essa crise existencialista descrita. É, Tem muita coisa da qual olho para traz e penso " que merda que eu fiz" e lembro na maioria com um sorriso. Mas apesar de ter feito muita besteira, o arrependimento das coisas que poderia ter feito feito parece ter força maior para ficar marcado na cabeça.
Não sei se ter feito bobagem na adolescência preencheria tantas lacunas, pelo menos para mim não aconteceu assim. Talvez o pior inimigo seja mesmo o tempo, onde tudo parece ter passado tão rápido. Lembro como se fosse ontem, quando eu tinha 15 anos e só pensava em dinheiro para andar de skate. Quando penso nos meus atuais 21 anos penso " mas já!??", a um tempo que meus aniversários me parecem a representação da minha vida se esvaindo.
A existência talvez realmente não seja capaz de suprir todos os momentos que gostaríamos de ter, e boa parte dela se passou com a impressão de mal proveito, que meio que me evidenciam isso. Porém eu prefiro pensar, que ainda há tempo pra muita coisa, sei que tem muitos bons momentos e muita besteira a se lembrar por vir.
A vida bate na cara dos bonzinhos? é, acho que sim. Mas se eu agisse diferente, conflitaria comigo mesmo, e talvez isso tivesse sido pior. bom nunca saberei de fato, pois o tempo já levou.
Ainda tenho que lutar contra as amarras que me impedem de eu ser mais livre para ter mais bons momentos, tantos quanto que o arrependimento do que não fiz seja irrelevante. Talvez isso seja meio utópico, mas só saberei depois de confrontar esse tal de tempo.

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