Vejo-me mais
uma vez parada na frente desse trem, onde vejo pessoas desembarcarem e
embarcarem. Eu fico congelada apenas olhando e nessa brincadeira de querer
saber sobre o existencialismo o tempo desacelera tudo passa lento e embaçado em
volta de mim, parece até que tira o oxigênio, fica difícil respirar meu peito dói
e as vezes acho que nem é pela falta de ar.
Estou sentada
olhando um caderno cheio de orelhas com várias páginas arrancadas e sulfites
coloridos perdidos no meio no qual nem imagino o motivo de ter colocados ali. Falo
de trem metafórico e nem sei se alguém irá entender o que escrevo. No fim das
contas tudo volta para o ponto zero, inicio da partida, tanto faz é tudo sobre
a minha crise existencialista.
Não é uma
dessas crises “Por que existo?”, “Por que as coisas são assim?” essas perguntas
que todo mundo já sabe as respostas: Não existem respostas.
É diferente
a minha crise, é uma revolta contra o tempo, ele acelera demais para as pessoas
boas e quando se pisca a maior parte da vida já se foi, tem pessoas que já se
foram...Essa é a minha crise, crise de que a gente existe porém não o suficiente
para viver o momento e quando vivemos o tempo voa para bem longe cruzando a
linha do horizonte.
Vai ver a existência
fez um pacto com o tempo e os dois não podem ser completos no mesmo momento. E com
o perdão da palavra: É a gente que se fode!
Tenho 21 e
não fiz metade das coisas que todos da minha idade fizeram. Não cometi tantos
erros no passado para ser mais forte hoje ou pelo menos um pouco mais sábia. Nunca
sai escondido, nunca namorei escondido,
nunca sai para uma balada em outra cidade e nunca cheguei no dia
seguinte em casa, nunca fiquei bêbada, nunca fumei (não que quisesse, ainda
mais porque sou uma pessoa de pouca sorte, tenho certeza que contraria enfisema
pulmonar na primeira tragada que desse) enfim nunca fiz nada no qual olhasse
para o passado desse risada e pensasse “Isso foi a coisa mais idiota que já fiz
mas ainda bem que fiz!”
Tem pessoas
que ao ler isso irão me considerar
fútil, mas tenho certeza que elas já fizeram pelo menos uma coisa citada. Cometer
erros desses tipos é subestimado pelas pessoas.
Tenho 21
anos de idade, sempre me comportei bem, nunca fui aluna nota 10 na escola, mas
também não fui à pior, nunca tive mais do que 10 amigos (refiro-me a amigos de
verdade) ao mesmo tempo e sempre procurei preservar as amizades. Sempre tentei ser boa pessoa o máximo que
conseguia, honesta como meus pais me ensinaram a ser. E como sempre e sempre me
fodi.
Não quero bancar a vitima e se você que esta
lendo entendeu isso, não entendeu é nada porque isso é sobre uma crise existencialista.
Só quero
dizer que o tempo passou tão rápido que as vezes ainda sinto ter 16 anos de
idade e não é o fato de maturidade mas o fato de não ter cometido esse pequenos
e estúpidos erros, parece que fica um buraco que não dá para ser tapado...
Vai ver essa
é a minha maneira de ser má, através de papel e caneta. Talvez seja a maneira
em que eu erre, e não digo erros gramaticais ou ortográficos (eu sei que tem! Nunca
fui 100% em português), mas em relação a idéias, conceitos e sentimentos.
Quem sabe
essa crise existencialista não é um erro?
Vou deixar
mais uma vez, talvez por esperança, nas mãos do tempo. Quem sabe dessa vez eu
não embarque no trem...
G. C. Pezzatto
2 comentários:
Me surpreendeu o texto...
Engraçado. Achei que eu era a unica pessoa que usava blackbird nesse sentido.
Beijo Djo!
Não sei se estou subestimando esses erros dos quais comenta, pois já os cometi aos montes, como ficar bêbado mais do que posso contar em todos os dedos.
Ainda assim eu me sinto de certa forma compatível com essa crise existencialista descrita. É, Tem muita coisa da qual olho para traz e penso " que merda que eu fiz" e lembro na maioria com um sorriso. Mas apesar de ter feito muita besteira, o arrependimento das coisas que poderia ter feito feito parece ter força maior para ficar marcado na cabeça.
Não sei se ter feito bobagem na adolescência preencheria tantas lacunas, pelo menos para mim não aconteceu assim. Talvez o pior inimigo seja mesmo o tempo, onde tudo parece ter passado tão rápido. Lembro como se fosse ontem, quando eu tinha 15 anos e só pensava em dinheiro para andar de skate. Quando penso nos meus atuais 21 anos penso " mas já!??", a um tempo que meus aniversários me parecem a representação da minha vida se esvaindo.
A existência talvez realmente não seja capaz de suprir todos os momentos que gostaríamos de ter, e boa parte dela se passou com a impressão de mal proveito, que meio que me evidenciam isso. Porém eu prefiro pensar, que ainda há tempo pra muita coisa, sei que tem muitos bons momentos e muita besteira a se lembrar por vir.
A vida bate na cara dos bonzinhos? é, acho que sim. Mas se eu agisse diferente, conflitaria comigo mesmo, e talvez isso tivesse sido pior. bom nunca saberei de fato, pois o tempo já levou.
Ainda tenho que lutar contra as amarras que me impedem de eu ser mais livre para ter mais bons momentos, tantos quanto que o arrependimento do que não fiz seja irrelevante. Talvez isso seja meio utópico, mas só saberei depois de confrontar esse tal de tempo.
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