agosto 21, 2011

O menino e sua estrela




Ele olhou pela janela, a brisa suave passava entre seu negro cabelo. Fitava a estrela que mais brilhava. As outras pareciam um gigantesco pisca-pisca, de tanto aparecer e desaparecer. O frio não o incomodava. Não permitiria que algo assim atrapalhasse a sua observação.
Ela o encantava tanto e nem sabia o porquê, não era diferente das outras estrelas, até podia ser a  que não brilhava tanto mas para ele era única. Podia passar o tempo que fosse, porque mais e mais admirava a estrela.
Lentamente o sono foi chegando, de mansinho seus olhos iam piscando cada vez mais lentos e longos. Até que por fim o sono venceu. Dormiu ali mesmo na janela.
Acordou com o brilho e com o calor do sol. Não podia acreditar passará a noite ali. O que mais incomodou foi se lembrar da estrela. Decidiu observá-la novamente.
E lá estava a sua estrela era como se realmente fosse dele, só ele enxergava a sua beleza, seu brilho. O sono chegava, lutou como pode contra ele, a sua cabeça ia pesando, sua visão já não estava tão boa, e lentamente foi encostando-se a janela olhando a estrela, foi fechando seus olhos...

No dia seguinte decidiu que iria observá-la todas as noites. Passaram duas semanas observando o céu estrelado, ele nunca esteve tão belo como nessas duas semanas. A sua estrela não estava ali. E mais uma semana se passou, observando o céu a procura de sua estrela e nada dela aparecer. Entristecido não olhou mais para o céu.
Nunca iria se esquecer da estrela.

Anos e anos se passaram, e o garoto se tornará homem de sucesso, seu trabalho tomava a maior parte de seu tempo.
Certa vez voltando do trabalho tarde da noite, como de costume, passando por uma estrada deserta, avistou uma senhora, usava um vestido cor de rosa e um xale branco, seus cabelos eram curtos, enrolados e brancos, brilhavam estranhamente. A senhora vendo a luz do farol do carro fez sinal, pedindo por carona. Ele parou para ela. Cumprimentaram-se;
- Boa noite meu rapaz, poderia dar uma carona a essa velha senhora?
- Claro que sim, é perigosa essa estrada à noite ainda mais sozinha.
A senhora sorriu e entrou no carro. Os dois ficaram em silencio por um tempo. A té que a estrada começou a ficar mais iluminada.
- Olha que maravilha essa noite! . Exclamou a senhora.
- É esta bem iluminada.
- Você já parou para observá-la?
- Não, não observo muito.
- Por quê?
- É sempre igual, tem dias que tem mais estrelas e outros não, mas é sempre a mesma coisa.
A senhora ficou em silencio.
- Onde a senhora mora?
- Na fazenda no final da pista.
Chegando à fazenda.
- Você não quer descer?
- Não obrigado, preciso ir.
- Está bem obrigada pela carona.
- Não a de que.
Por um instante a senhora deu as costas ao carro, olhou para o céu e virou para ele.
- Cada pessoa tem um destino, seus próprios sonhos, e cada uma tem sua própria estrela no céu, é onde você reencontra a sua paz interior, esperança e fé. Sua estrela guia. Não deixe de olhar para o céu a procura de sua estrela meu rapaz, porque no momento em que você acha as noites iguais, você deixa de reencontrar a si mesmo no seu destino. Você não procura por esperança e fé.
Termina do de falar a senhora deu um sorriso e partiu para a fazenda.
Ele paralisou, ficou chocado com o que acabou de ouvir. De repente, por uma fração de segundos lembrou-se daquela noite parado na janela, olhando a mais bela estrela, e de  como seu dia foi bom, pois a noite iria volta a vê-la.
Lembrando-se disso, voltou a dirigir queria chegar logo em casa, as palavras ditas, a sensação e nostalgia faziam seu coração acelerar. Por fim chegou sã e salvo, não conseguia dormir, foi até a janela, um pouco assustado com o fato, mas criou coragem.
Olhou para o céu, estava maravilhoso, brilhava tanto que iluminava a rua inteira. Tremia de medo, de algo que nem sabia o por que. Procurou pelo céu a sua estrela não esperava que fosse encontra-la, pois havia tantas outras que brilhavam mais. Seus olhos correram para um ponto quase apagado no céu. Ele apertou os olhos e de repente aquele pontinho começou a brilhara mais e mais até que se tornou esplendido!
Sentia-se feliz, ela estava ali, depois de anos sem procurá-la, estava ali brilhando para ele.

Depois dessa noite, ele nunca mais deixou de vê-la, não dormia na janela para não deixar de observá-la, mas todas as noites bastava procura-la no céu e só olhá-la um pouquinho, só para se lembrar de que ela sempre estará ali.

Sempre teremos a nossa estrela no céu, a momentos em que nos desviamos do nosso caminho e ela se perde, mas nunca apagará. E sempre teremos alguém que nos faça lembrar-se dela.
Ela nunca te deixará, você poderá reencontrar a sua paz, esperança e fé nelas.

E você já encontrou a sua estrela hoje?

G.C.Pezzatto – 15/06/09

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