julho 31, 2011

Anjos Perdidos - Parte 6



Passaram por vários corredores, a maioria não tinha ninguém.
Ouviram um forte estrondo que vinha do lado esquerdo, as pessoas continuavam as suas atividades nem se quer ouviram o barulho.
Gabriel e Alan foram para lá, encontraram Daniel se defendendo de três demônios ao mesmo tempo. Os dois correram para ajudá-lo. Por mais que Alan estivesse com dificuldade de se manter em pé não deixou de ir ajudar, tentava golpear de qualquer jeito um baixinho, careca de bigodes que estava extremamente nervoso. Cravou a espada na barriga dele, enquanto o demônio partia para cima do garoto, desapareceu gritando de dor.
Alan virou para olhar os dois anjos, sentia tantas dores que já estava andando curvado. Viu Gabriel enfiar a espada na cabeça de um loiro branquelo que se desfez em uma fumaça negra. Daniel estava todo arranhado e suas roupas rasgadas, se defendeu do demônio e o atacou enfiando a espada em suas costas, ele caiu ao chão e rapidamente o anjo cortou sua cabeça que rolou para debaixo de uma prateleira.
Alan olhou de um para o outro.
- Pronto? Agora acabou?
Todos ofegavam bastante. Daniel que estava em pior estado ajudou Alan.
- Vocês chegaram no final mas tinha uns vinte em cima de mim. Suponho que Ledge tenha sumido e os mandado em seu lugar.
- Foi exatamente, sinto muito por não termos chegado antes.
- Sem problemas. Mas e a Raquel?
- Eu sei onde ela esta.
Os anjos conversavam enquanto saiam da biblioteca, porém antes mesmo de chegar a porta apareceu uma fumaça negra que tomava conta do lugar e aumentava cada vez mais. Gabriel colocou sua mão no ombro de Alan.
- Acha que agüenta? Não vamos conseguir te tirar daqui agora.
- Eu não tenho escolha.
Falando, levantou a espada esperando o momento.
As nuvens formavam vulto que se tornavam sólidos que deram lugar a grandes criaturas negras de rosto desfigurado, grandes olhos vermelhos e as mesmas garras negras.
- Essa é a verdadeira forma deles.
Daniel disse tirando o braço de Alan de seu pescoço.
- Se dermos sorte Ezequiel pode aparecer.
- Acho que a sorte não tá do nosso lado hoje.
Eram uns trinta que rugiam. Avançaram nos três que mais se defendiam do que os atacavam.
- ALAN CORRA!
Daniel gritava.
O garoto não conseguindo mais lutar ouviu o anjo e começou a correr, três demônios estavam atrás dele. Chegou no final de um corredor, não tinha saída, se virou e se defendia apenas pelo extinto, eram grandes demais. Não tinha mais força e a sua visão começava a ficar turva, mas não parava de lutar. Um golpe que deu no ar e eles sumiram, olhou a sua volta não tinha nenhum sabia que não havia atingido eles.
- Eu os mandei embora.
 Alan virou para ver quem tinha falado, não o teria reconhecido se não fosse um grande corte fumegante em seu tronco. Ledge continuava com a aparência de humano, mas seu rosto estava diferente, seu sorriso era anormalmente grande e seus olhos negros também. Aproximava-se de Alan.
- Você sabe que não merece isso, cuidar de gente que nunca viu, para que? Eles terem um lugar ao céu?
Abria os braços de uma forma irônica e ria.
- Enquanto a você garoto? Acha que Deus irá te dar uma chance mesmo? Você aqui morrendo, enquanto aqueles dois fracos como estão lutam contra algo que sabem que não podem vencer? Acha mesmo que irá para o... Como é que chamam?...Ah! Reino dos céus?
Ele ria sarcasticamente.
- Você sabe muito bem que não pertence aquele lugar. Sempre fez o que quis não é? Fingia se importar com aquela mulher que dizia ser sua mãe, mas não se importava... Afinal, ela não era sua mãe de verdade, não ligava para seus amigos, usava-os quando queria, entrava em brigas por puro prazer, traia as suas namoradas e bem...Sem falar naquelas fantásticas orgias em que se metia.
Batia palmas, o sorriso anormal crescia mais ainda.
- Acha que irá durar com esses arranhões? Você realmente acredita que podem te curar? Nunca será curado! Nada que seja “bom” curará algo feito tão cruelmente, ainda mais em um humano que também não tem nada de bom, que viveu fazendo tudo de ruim, não é Alan? Seu lugar não é com eles eu digo e repito, sente dentro de você o lugar onde pertence.
Ele se aproximava do garoto.
- Ele te dizem que é ruim, que será a sua pior escolha...Mas afinal, você estava ouvindo somente um lado da história, lembre de sua vida, de como gostava de tudo aquilo...Será sempre assim...Não é ruim como eles dizem. É como reviver todos os seus momentos de prazeres eternamente. Não parece tão ruim agora não é?
Alan sentia-se envergonhado, mas não conseguia deixar de pensar em tudo que Ledge dizia. Achava estranha a história de ser um serafim e de como tudo aconteceu tão rápido, não se sentia a vontade com os anjos apesar de gostar um pouco deles porém não curtia a extrema bondade deles. E a sua vida, ele adorava a vida que tinha.
Não estava agüentando de dor, até que por fim perdeu o resto de forças que tinha e caiu ao chão largando a espada. Ledge se aproximou e chutou a espada para fora do alcance de Alan. Agachou.
- Pense bem Alan, posso lhe dar uma “amostra grátis” é para lá que estou levando Raquel.
Antes de falar qualquer outra palavra, uma espada atravessou o abdômen de Ledge. Era a espada de Alan. Gritava de dor e virou para ver quem havia o atacado, porém viu que Daniel corria na direção deles. Ledge deu uma olhada em Alan e com o sorriso no rosto desapareceu antes mesmo de Daniel chegar perto deles.
O anjo levantava Alan que mal enxergava e respirava.
- Você! Espere Gabriel aqui!
- Sim senhor.
Uma voz mole e rouca disse.
A luz branca apareceu, Alan se sentia pior ainda, quando a luz passou não enxergava mais nada, mas sabia que estava no chalé, mais precisamente no quarto.
- Deita e fica aí, vou chamar alguém que possa te curar.
O anjo o ajudava a deitar na cama.
- Ninguém pode me curar.
O garoto tentava falar.
- Claro que podem te curar.
Mas Alan percebeu que o anjo não estava sendo sincero. Sentia-se zonzo, tombou a cabeça para o lado e desmaiou.

G.C.Pezzatto – 30/07/11



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